Título do trabalho: "O parricídio em Totem e Tabu: uma análise acerca da gênese do conceito de pulsão de morte". 

 

Resumo: Em que medida podemos afirmar que a reflexão freudiana sobre a cultura incide sobre a formulação e a consolidação das noções metapsicológicas? Este trabalho se propõe a analisar a influência das teses psicanalíticas apresentadas em Totem e tabu na gênese do conceito de pulsão de morte. Preocupado com a questão das origens, Freud localizou na esfera cultural os fenômenos do ódio e da agressividade como sendo essenciais para fundamentar sua teoria social. Ao derivar de um crime contra o pai a origem da sociedade civilizada, da religião e da moral, dos desejos que compõem o complexo de Édipo e do que viria a ser o superego, ele conclui ser impossível pensar a cultura sem considerar as tendências destrutivas do homem e seus efeitos para a história da humanidade. Sustentaremos que a hipótese freudiana do crime da horda e suas conseqüências para a compreensão das origens da civilização elevou o fenômeno da destrutividade a um lugar de destaque no seio da psicanálise; isto influenciou o processo de reestruturação da primeira teoria pulsional, e culminou na necessidade de se atribuir a fonte pulsional de tais fenômenos a um grupo inteiro de pulsões, às pulsões de morte, e não mais às pulsões de autoconservação ou à mescla destas últimas com as pulsões sexuais. Se Totem e Tabu contribuiu para a introdução do conceito de pulsão de morte, podemos reconhecer que este conceito metapsicológico esteve a serviço das indagações freudianas acerca da cultura.