Título do trabalho: A
questão da imaginação e do imaginário em Sigmund Freud. Nossa investigação
filosófica alça-se para as questões epistemológicas da teoria psicanalítica,
desta forma, pretendemos compreender como o pensamento psicanalítico opera
uma renovação da compreensão do que seja a subjetividade humana, resgatando o
seu caráter poiético. Enquanto campo do
conhecimento humano, a psicanálise deve se por no caminho da construção
perene e não da solidificação do que quer que seja, por mais absoluto que
possa parecer nada que se opere oriundo da subjetividade pode ser emoldurado,
preso a determinações. E o ponto fulcral que
selecionamos para realizar tal investida foram os conceitos de imaginação e
imaginário no pensamento freudiano, sobremaneira, nos seus escritos.
Portanto, pretendemos operar uma revisão bibliográfica de partes específicas
da obra de Freud, no sentido de localizar a sua acepção acerca destes conceitos. Ora, a contribuição de
Freud para a questão da imaginação é antinômica. Freud só vai utilizar este
termo duas vezes, referindo-se à imaginação dos neuróticos. Porém, os termos
Phantasie e Phantasieren aparecem freqüentemente, desde as cartas a Fliess, muito
cedo, portanto. Num primeiro momento
ele tem uma concepção restrita: Phantasie e phantasieren são derivados de
coisas escutadas, mas posteriormente compreendidas (...) todo o seu material
é evidentemente, autêntico; são combinações inconscientes de coisas vividas e
escutadas. Num segundo momento ele tem uma concepção a mais: as phantasie são
fragmentos destacados dos processos de pensamento.É pois tomar a imaginação
como produto de atividade recombinatória, como já podemos ver no Projeto de
1895. Todavia, estes
conceitos não abrangem o que os fatos demonstram. Qual seja: de um lado Freud
terá o aparelho psíquico operando mais ou menos logicamente face a uma
realidade que lhe é dada, para evitar o desprazer ou maximizar o prazer.
Doutra parte, o gênio freudiano encontra um aparelho psíquico permeado de
criações, elaborações fantasmáticas e fantásticas. Antecipando nossa
discussão, diríamos que apesar de ocultada, o trabalho de Freud é em cima das
obras e efeitos da imaginação. Entretanto, compreendemos que a imaginação
poiética, criadora, não cabe em um "Projeto para uma psicologia
científica", antes, ela deve ser subordinada à Razão. Nosso intento é propor
uma discussão em psicanálise que conceda e ceda lugar ao fato fundamental de
que a compreensão acerca da consciência não poder ser elucidada, enquanto
ignorar que ela pressupõe a imaginação. E isto implicará em termos de teoria
psicanalítica considerações acerca desta atividade criadora enquanto
corroboradora dos processos analíticos. |